sábado, 6 de novembro de 2010

Me Derrote


Eu ainda posso amar.
Como quando tinha meus quatorze...
Aquele jardim não parecia seguro nem longe o bastante da festa, ainda podíamos ouvir a música e as pessoas sorrindo, aliás, lugar nenhum parecia seguro, podíamos ser pegos a qualquer momento, por qualquer pessoa; mal sabíamos que já aviamos sido pegos pelo amor.
O coração estava desesperado, como se estivesse prestes a ser alcançado por ago desconhecido que vinha o perseguindo a tempo, e ele estava apavorado. O corpo todo tremia, e o não significava sim, e foi dito várias vezes, e interpretado como tal. O coração foi laçado como um cavalo selvagem de pelo macio que se rendeu caindo ao chão. Abrindo os olhos vi outros dois grandes olhos mel se abrindo e se apertando em um sorriso cúmplice, sorri e corri como uma fugitiva pelo jardim.
Agora parecia que todos olhavam e sabiam, e eu sabia. De repente o coração havia aceitado o laço, e deixado que algo afagasse seu pêlo. E eu não era mais a mesma, havia aprendido algo surpreendente demais.
Por mais algumas vezes eu me senti sendo rendida, e como eu amei essa derrota, nada como perder pro amor.
Talvez por algum tempo eu tenha ganhado, mesmo querendo perder, e fico pensando se ele se cansou de lutar, logo penso que não, não pra tal guerreiro, que quando vence derrota, rende.
Mais eu sim me cansei de lutar, eu quero perder, ser derrotada sem chances de voltar a lutar, quero ser rendida pra sempre. Eu ainda posso amar, eu sei que posso, pois já me sinto fraca e forte o bastante pra perder.
Por favor! Vamos jogar de novo, melhor que isso, vamos lutar. Lute comigo mesmo sabendo que vai ganhar e que eu quero mesmo perder. Me derrote, eu ainda posso ser derrotada. Não deixe meu cavalo correr solto, as noites estão frias demais, e ele precisa de um estábulo e alguém que o monte e o faça se sentir livre, mesmo estando domado. Eu sei, eu ainda posso!