quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um Soldado a Menos


Só por essa noite eu sou um soldado a menos, um soldadinho de chumbo entregue a sua bailarina dos sonhos. Amanhã de manhã quando acordar será tudo novo, um soldadinho pronto pra guerra pronto pra encarar seus inimigos e medos.
Mais essa noite não, não essa noite. Essa noite sou só um soldadinho a menos!
Estou cansada demais, com colo de menos, me agarrando aos macios algodões de cobertor.
Está frio lá fora, só tem chovido e os beijos são quentes, mais quentes nessa época e eu preciso deles.
O trem parou e descem mais passageiros, mais passageiros trocam de vagão e levam sua pesada bagagem. Estou sentada no banco da janela e lá fora tem um mundo de maravilhas, e eu quero ir a pé sem bagagem nenhuma que me pese. Eu quero ser leve!
Leve o bastante pra entrar dentro de você e pra que principalmente você consiga entrar em mim, e colocar o soldadinho pra dormir, e deixar ele sonhar que venceu a guerra e ganhou a bailarina, e que ele possa viver no sonho; ele pode dês de que você não me deixe sozinha, dês de que não deixe de me embalar, que aqueça o frio dos meus lábios em seus beijos.
Assim o soldadinho vai deixar as armas, só pra ver sua bailarina dançar.