domingo, 27 de junho de 2010

Como essas noites frias tem me esfriado a cabeça, o céu nunca esteve tão perto a noite, as constelações mais a mostra, e é mais ou menos como se pairasse uma calma a mais, talvez as noites sejam as mesmas de muitos tempos, talvez eu tenha começado a enxergar mais, só sei que de repente é como se as cores ficassem mais fortes e as coisas que antes passavam despercebido agora me causam grande alvoroço. Tenho notado um mundo mais vivo, onde cada folhinha caída de árvore quisesse mostrar algo, sinto uma conspiração do universo, sinto cada ligação de elementos, sinto que os elementos são a forma palpável de nosso humor.
O mundo foi feito e fomos moldados a ele, como se a alma fosse uma foto do mundo, onde se pode ser selvagem, delicado, ter o calor. Morremos como tudo morre, mais existe uma alma que fica e pode ser sentida pelos ainda vivos, é como se a morte fosse o tempo dado de um jogo onde tentamos fazer o máximo antes dela, pra sermos lembrados, pra que possamos fazer alguma diferença.
Tenho visto cada pessoa mais profundamente, tenho lido o que os sorrisos trazem por trás, tenho entendido mais as pessoas pelo que elas carregam em sua bagagem, uma mochila pesada pode lhe causar um grande dor nas costas. Tenho visto como é interessante cada trajetória de vida escolhida, observando as mais exóticas, dês de descobrir um grande segredo a conquistar um espaço. As vezes é assustador, é como se eu pudesse ver monstros em plena luz do dia, vampiros dispostos a sugar sua vida. Como se fizesse parte de um filme onde o bem luta contra o mau. Ao mesmo tempo que os olhos vêem o que não quer, pode-se notar um bando de aves migrando por melhora atravessando o mundo, fênix renascendo das cinzas, borboletas que mergulham no mar e peixes voando, superação. A tempos venho vendo um homem vivendo entre uma manada de búfalos.
Queria poder emprestar meus olhos para que todos pudessem ver como eu vejo, então talvez fossem tão dramáticos quanto eu, talvez sentissem tão mais. Talvez pudessem assim ver a glória de pequenos que nesse mundo passam despercebidos.

domingo, 13 de junho de 2010

O Vento


Vivemos dele, e se existe no mundo uma ausência mais danosa desconhecemos.
Está em tudo, move o mundo como se este fosse um gigante cata-vento. O vento, este que mal sai e já o trazemos de volta ao corpo como se sugássemos vida, essência. Talvez seja esta a função do vento, ser essência, ser alma do mundo, ser Deus. Talvez seja pro vento simples sair atravessando o mundo como numa valsa, levando de cada ser o aprendizado de uma vida inteira com sigo, e talvez então seja este o mistério do vento, ser a mistura das essências das almas do mundo, mistura tão intensa que vivemos dela.
Então assim pensando, o vento leve leva consigo a doçura e os sonhos de criança, os pedidos pro Papai Noel, orações, desejos, sensações, amores.
O vento forte leva os arrependimentos, culpa, o medo de bicho Papão, a vingança, ódio, enfim o mau e tudo que lhe caiba; talvez por isso ele não cause bem como a brisa que lhe bate ao rosto.
O vento passa e leva você, o vento passa e leva o perfume de rosa ao beija-flor que foi levado pelo vento a vida todinha, e cada ser novo que nasce o vento leva.
E o vento leva o mundo, e você respira o vento e sequer se lembra, então pare, não respire e sinta o vento que te toca o rosto, e quando não mais puder segurar respire e leve o vento leve com você também, sinta que carrega a essência do mundo no peito, e depois solte-o afinal a essência é do mundo e sua essência o vento já levou com ele, quem sabe pra china, pra uma montanha ou um deserto, não importa o rumo.
Sinta no vento cada caminho bailado, cada história, cada glória, cada beleza, ouça em seu assovio um chamado, um conto de amor que o vento veio de longe trazer pra você, e de você levar também.
Talvez se encontre na vida um amor guiados pelo que o vento nos trás, como a moça que passou na rua, deixando o perfume pra trás, esse o vento passou e carregou pro rapaz.
Se você tem algo guardado que queira mandar a alguém, mesmo que nem saiba a quem, não a problema pois o vento sabe, então respire fundo e assopre que o vento leva pra você e quando menos se espera a pessoa recebe o recado como um ventar nos cabelos ela mal sabe mais o seu recado a fará sorrir. Pronto, recado está dado!

sábado, 12 de junho de 2010

Quero


Quero sentir um amor tão grande que só a alma possa suportar, o corpo será fraco pra tanto desejo, como esmagar com as mãos uma fruta macia em carne.
Quero acima de tudo, entender que o gosto da fruta, não éstá na fruta em si só, o gosto da fruta está no toque dela ao paladar. Fruta só não tem gosto nenhum, só beleza.
Quero uma alma intensa, tão intensa que me escape pelos olhos em forma de mistério, quero o mistério do mundo não desvendado só pra me instigar cada pensamento.
Não quero banhos de sol, quero banhos de lua, mais noite, menos dia, pois é a noite que os sorrisos do dia ecoam.
Quero viver, viver antes de morrer, não quero um dia-a-dia, quero uma vida-a-vida.
Quero estar na vida apenas sendo, sendo na vida apesar de... Apesar dos pesares.
Quero guardar algo de mim, pra dar a alguém , mesmo que eu não saiba ainda quem, mesmo que não seja pra alguém, então que seja pra mim, algo de mim pra mim, mesmo que seja só pra que eu não sinta que não tenho nada na vida.
Quero ser humana, e temer ir longe demais pela tamanha vontade de caminhar. Mais acima do medo quero continuar caminhando, pois na vida, nessa vida não se espera noite, se morre em pleno dia.
Por fim quero morrer como os elefantes de Clarice Lispector. Pesados de uma carne quente de amor, casca seca, malhada pela vida, andando devagar pela certeza de um mundo tão incerto, olhos molhados e doces pela saudade que se guarda, pelos sentimentos que são única coisa que se leva pelas vidas.